Aos 55 anos de idade, Claudia Raia é uma mulher muito bem-sucedida, com inúmeros trabalhos aclamados, uma família, um corpo escultural, saudável e uma mente completamente empoderada. Ela que acaba de dar a luz a Luca, o filho surpresa que foi gerado durante a menopausa, fala sobre o ser enquanto mulher e mãe.
“Eu diria que os 50 são os novos 30. O Brasil ainda não viu o potencial dessa mulher de 50, que é a grande consumidora, com a vida profissional na maioria das vezes encaminhada ou bem-sucedida. Brasileiro ainda acha que é a menina dos 20 que tem o poder da compra e não é. A Jane Fonda é garota-propaganda da Dior. A Isabella Rossellini da Lancôme. Mulheres maduras são capas das grandes revistas lá fora. Aqui é como se depois do 30 você caísse em um buraco negro onde não existe no mercado e aí passasse a ser a Fernandona (Fernanda Montenegro) e ressurgisse aos 80″.
“A maturidade me trouxe, principalmente, o discernimento de viver em modo econômico. Eu falo menos, eu interfiro menos. Eu ouço mais. Olho e penso ‘para que eu que eu vou falar isso, não vai adiantar, porque é que eu vou discutir se a pessoa não quer’. Sou muito cuidadora e eu gosto. Mas tem hora que não cabe mais fazer pelo outro sem ele querer. Esse tipo de coisa me desgastava muito, chegava no estúdio para gravar exausta tendo resolvido a vida de todo mundo. Não é que eu me doe menos, é olhar com mais parcimônia. A minha essência não mudou. Mas hoje eu divido, não dá pra fazer tudo”.
“Quando jovem, fiz muita força na vida para agradar meus companheiros no relacionamento. A gente abre concessão, faz coisas que não gosta para agradar o outro e isso faz parte da relação. Mas nessa idade, tudo fica muito mais claro e muito mais verdadeiro. E você não quer mais abrir tantas concessões porque às vezes elas te mutilam e te fazem mal, porque aquele companheiro também não interessa”.
“Durante toda minha vida eu fiz muita força para agradar. No sexo eu sempre fui muito livre e disse como eu gostava, como eu queria. E gosto que me digam também. Eu quero ir atrás de dar prazer ao meu companheiro seja de que jeito for. Porém tem coisas que eu não quero não gosto, não vou e pronto. E é assim e não é egoísta. É sincero comigo. Fazer o que você não gosta para agradar tem prazo de validade. Uma hora que você vai falar ‘mas eu não gosto de fazer isso, eu faço para agradar’. Tem coisa que realmente te massacra, então para quê? Talvez você não esteja com a pessoa certa, né. Então quem sabe é procurar alguém um pouco mais adequado e que entre nessa onda contigo”.
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“Liberdade é a primeira palavra que me vem. Liberdade de expressão, liberdade do que se diz, do que do que se pensa, do que se veste, do que se quer ser. A gente está numa época muito chata onde todo mundo te julga. Todo mundo bota o dedo na sua cara dizendo o que é que você tem que fazer. Ficou muito chato você ter que o tempo todo estar se desculpando ou estar tendo que entrar em um formato que alguém acha que está certo ou que é politicamente correto. É muito chato. Meus filhos às vezes falam ‘mãe, como é que você postou esse vídeo está com bobs cabelo’. E eu ‘e daí, eu sou assim, eu gosto’. Eles ficam impressionados com a minha liberdade mesmo. Liberdade, sabe”.
Excertos de uma entrevista que Claudia Raia concedeu à revista Quem. Entrevista que você poderá ler na íntegra aqui.
“Aos 52 anos, eu sei o que eu quero, sei o que eu não quero. É um pouquinho diferente de quando eu tinha 20 anos, mas a energia não rola. Isso na verdade rola na nossa cabeça. E rola naquilo que as pessoas tentam impor pra gente. Eu acho que é isso que a gente tem que se livrar: do que as pessoas põe na cabeça da gente – ‘ah, ela é uma mulher de cinquenta anos’. Outro dia eu fui no ginecologista e ele me falou:’Claudia, eu não consigo te avaliar com o que eu aprendi nos livros, porque hoje, uma mulher de cinquenta e dois anos é a antiga mulher de trinta, e isso não tem escritos ainda sobre essa nova mulher de cinquenta’. Está tudo meio desajustado, como se as pessoas não soubessem lidar com isso. Então como é que você faz quando não sabe lidar?, fica com medo, desaprova, se afasta, reprime. Os estereótipos são absurdos. Tipo: ‘essa roupa não é para você. Você vai sair assim? Você não tem mais idade para isso; vai usar cabelo longo?, cabelo longo é pra gente jovem’. Assim, começa uma porção de formatos que eu não sei de onde saíram, quem criou isso; só sei que isso é embutido na cabeça da pessoa que já está um pouco mais frágil, que já está vivendo uma síndrome do ninho vazio: que os filhos já estão saindo de casa; que já está mais sozinha ou que está numa outra fase da vida… então a pessoa fica insegura que aquilo realmente não é para ela e começa a usar bege e se enfia num canto. A mulher de hoje está aberta, está preparada para lutar contra isso, contra esse preconceito”.
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